A Nova Aliança, a Lei e a Nação Israelita | Marcos André

O vídeo desenvolve mais sobre a Nova Aliança
E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de Jacó as impiedades. (Rm 11:26)

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A nação israelita foi escolhida por Deus para ser um povo santo. Deus os escolheu, os amou, os separou e, a eles, fez promessas exclusivas que foram vastamente registradas nas páginas da bíblia. Ainda hoje, para compreendermos o plano de salvação, precisamos constantemente recorrer à língua, à cultura e aos costumes judaicos. Pelo que sabemos, esta é a única nação com a qual Deus interagiu diretamente mudando as leis, os costumes e a cultura. Nenhum outro povo recebeu de Deus tamanhos privilégios.

Talvez, por isso mesmo, nenhuma outra nação foi tão perseguida ao longo da história da humanidade. A xenofobia antissemita matou milhares de israelitas e manchou com o  sangue dos filhos de Jacó as páginas da história da humanidade trazendo dor e inquestionável vergonha.

Deus rejeitou o Seu povo?

Esta pergunta, feita pelo apóstolo Paulo, foi incisivamente respondida por ele mesmo:  "De modo nenhum; porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim" (Rm 11:1). Ao falar a cerca deste assunto, podemos encontrar dois extremos perigosos:
  1. Por um lado, alguns defendem que Deus planejou um meio para salvar os israelitas, mesmo aqueles não aceitaram a Jesus como salvador pessoal.
  2. No outro extremo muitos cristãos acreditam que Deus fez uma aliança com o povo hebreu e, por ser baseada na lei(que ninguém consegue cumprir na íntegra), a aliança falhou vergonhosamente. Assim, segundo esta teoria, Deus decidiu fazer uma nova aliança com os gentios rejeitando a nação escolhida e mudando a lei. 
 As duas afirmações, ao meu ver, são duas faces de uma mesma moeda sem valor que devem ser rejeitadas.
A Nova Aliança.
Uma aliança é um acordo entre duas pessoas, duas nações ou com Deus. O termo "Nova Aliança" é vastamente usado em sermões, é constantemente encontrado estampado nas fachadas de igrejas evangélicas e aparece como principal argumento para rejeitar a ideia de que devemos obediência à Torá(especialmente quando o assunto é sábado ou regime alimentar bíblico). No entanto, para compreendermos este tema, precisamos analisar cuidadosamente o conteúdo da nova aliança tanto no novo quanto no antigo testamento.

No Novo Testamento a nova aliança é mencionada diretamente nos seguintes textos: Quatro citações estão relacionadas à Ceia do Senhor (Mt 26:28; Mc 14:24; Lc 22:20 e 1Co 11:25), outras quatro referências estão no livro de Hebreus (Hb 9:15; 8:8-12; 10:16-17; 12:24) e ainda encontramos mais duas referências indiretas nas cartas de Paulo que falam dos "mediadores de uma nova aliança"(Rm 11:27 e 1Co 3:6). Dentre todos os textos, aquele que salta aos olhos daqueles que estudam este tema estão nos versos 8 a 12 do capítulo 8 de Hebreus. Esta é a maior citação contínua do antigo testamento que encontramos em todo o novo testamento:
"Porque repreendendo-os, diz: Eis que vem dias, diz o Senhor, em que estabelecerei com a casa de Israel e com a casa de Judá uma nova aliança. Não segundo a aliança que fiz com seus pais no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; pois não permaneceram na minha aliança, e eu para eles não atentei, diz o Senhor. Ora, este é o pacto que farei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo; Porque serei misericordioso para com suas iniquidades, e de seus pecados não me lembrarei mais."
(Hebreus 8:8-12) 
 Ao olhar para o texto, é necessário observar três detalhes: 1- A nova aliança é feita com a casa de Israel e com a casa de Judá. Isso exclui completamente a ideia de que a nova aliança tem o propósito de rejeitar os hebreus. 2 - No centro da nova aliança encontramos a lei(Torá) sendo colocada no coração dos servos. Portanto, a nova aliança não exclui a Torá, mas a põe em destaque nos termos da aliança. 3 - Não vemos no texto(Nem em qualquer lugar do novo testamento) uma nova aliança feita diretamente com os gentios com termos diferentes, mas neste novo concerto, eles são chamados aos privilégios da aliança feita com os israelitas . Juntamente com os privilégios, vêm também as obrigações.

Obs.: Algumas pessoas poderiam ficar em duvida porque eu afirmei que a lei, neste texto, é a Torá. No entanto, a palavra Torá é uma palavra hebraica e, como sabemos, o texto a cima foi escrito em grego. Então, como a palavra ali poderia ser Torá? A resposta é simples. Conforme eu já disse a cima, este texto é uma citação na íntegra de um texto do livro de Jeremias que foi escrito na língua hebraica. Sobre este texto, trataremos a seguir. 

No Antigo Testamento a nova aliança aprece mais claramente no capítulo 31 do livro de Jeremias dos versos 31 ao 34 e é reiterada no capítulo 32 dos versos 37 ao 41. Este foi o texto citado na íntegra pelo apóstolo em Hebreus 8:8 a 12. No texto original, como na citação, encontramos a promessa de uma nova aliança, mas Deus diz claramente através do profeta: "Não segundo o pacto que fiz com seus pais no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito". Então, temos que admitir que a nova aliança se difere da primeira, mas a pergunta é: Em que ela é diferente da primeira?

Já vimos anteriormente que a nova aliança é firmada "com a casa de Israel e com a casa de Judá." (Jr 31:31) e que a Torá(תּֽוֹרָתִי֙), que foi a lei usada na primeira aliança, agora é implantada no coração dos servos e se torna o próprio termo da nova aliança. Este termo aparece na sequencia imediata à frase "esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor:" (Jr 31:33). Assim, a lei de Deus implantada no coração é a própria descrição da nova aliança.

A grande novidade da nova aliança, por tanto, não é no seu conteúdo, mas no fato de que a Lei de Deus é colocada no coração dos servos ao invés de de em tábuas de pedra como na anterior. Apesar de ser uma aliança nova, ela nunca foi uma novidade para os hebreus já que ela aparece profetizada na própria Torá: "E o Senhor teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares ao Senhor teu Deus com todo o coração, e com toda a tua"(Dt 30:6).

A confirmação da Lei de Deus na nova aliança mostra que a infidelidade do povo não muda a fidelidade de Deus para com as suas promessas. Nos termos da nova aliança encontramos dois aspectos que enfatizam a eternidade do caráter de Deus:  Ele mantém a Sua Lei escrita no coração dos seus servos e confirma o perdão oferecido aos participantes da aliança divina.

Portanto, depois de observarmos estes itens, verificamos que, a nova aliança encontra-se em plena conformidade com a lei de Deus e com os ensinos de Jesus. O nosso Salvador, pelo seu exemplo e ensino nos mostrou que "até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til jamais passará da lei."(Mt 5:18).  Também podemos observar que Cristo é o cumprimento da promessa de perdão feita nesta aliança. O perdão que nos chega gratuitamente foi obtido a um alto custo visto que Deus entregou o seu próprio Filho "e ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo."(1 João 2:2). Este é o Dom mais precioso oferecido gratuitamente por amor.
Autor: Marcos André

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