O Sábado de Colossenses 2:16 é moral ou cerimonial?
Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados. (Colossenses 2:16)
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Este versículo tem gerado muita controvérsia quando o assunto é a guarda do sábado.
Alguns dizem que o sábado não precisa mais ser guardado porque Paulo diz que ninguém pode julgar os colossenses por causa do sábado. Por outro lado, os guardadores do sábado se defendem dizendo que o sábado citado neste texto, não é o sábado semanal, mas um dos feriados festivos chamados de sábados cerimoniais.
Olhando friamente para o texto:
A realidade é que o texto, tanto em português quanto no grego, não oferece nenhuma base linguística, teológica ou contextual para dizermos que aquele sábado é um dia de festa judaica (cerimonial) e não um sábado semanal. É leviano fazer esta afirmação e, pelo que eu já li sobre o assunto, nenhum teólogo sério apresenta qualquer evidência textual ou exegética para defender tal posição.
A realidade é que o texto, tanto em português quanto no grego, não oferece nenhuma base linguística, teológica ou contextual para dizermos que aquele sábado é um dia de festa judaica (cerimonial) e não um sábado semanal. É leviano fazer esta afirmação e, pelo que eu já li sobre o assunto, nenhum teólogo sério apresenta qualquer evidência textual ou exegética para defender tal posição.
Por outro lado, também não encontramos no texto nenhuma evidência, nem uma palavra se se quer, onde o apóstolo diz que o sábado foi abolido ou perdeu lugar na lei de Deus. Esta seria uma afirmação igualmente infundada. Afinal, ele diz que eles estavam sendo julgados "por causa" do sábado e não por não guardarem o sábado como algumas interpretações tentam fazer parecer.
A bíblia, na verdade, não tem uma divisão na lei. Quando o texto sagrado se refere à lei, está se referindo aos dez mandamentos e aos cinco primeiros livros da bíblia. O apóstolo Paulo, quando cita ao livro de Isaías, o chama também de lei(ICo 14:21). Portanto, podemos dizer que, tanto o decálogo, quanto o pentateuco ou mesmo todo o antigo testamento podem ser chamados de lei, mas em nenhum momento a bíblia faz a diferença entre lei moral e cerimonial.
A teologia reformada começou a trabalhar didaticamente com esta divisão, mas apenas no aspecto didático. Os adventistas, por sua vez, há muitos anos vêm usando estes termos em seus livros evangelísticos. De maneira bem simples, podemos compreender que, na lei, encontramos mandamentos com aplicabilidades específicas e, portanto, não podem ser aplicadas em outros aspectos. Todas as lei que se referem aos rituais (ou cerimonias) no templo, poderiam ser didaticamente (apenas didaticamente) chamadas de leis cerimoniais. Assim, os sábados relativos às festividades ligada às cerimônias do templo poderiam ser chamados de sábados cerimoniais.
Estas leis foram ressignificadas após a morte, ressurreição e ascensão de Jesus e, mesmo os judeus, abandonaram esta prática após a destruição do templo no primeiro século. Não podemos dizer que foram anuladas porque, em sua essência, elas continuam válidas. Por exemplo: No passado, quando alguém cometia um pecado; deveria ir ao templo levando um cordeirinho, confessar os seus pecados e apresentar o sacrifício do animal inocente em seu favor. Esta era uma lei relativa a uma cerimônia do templo. Portanto, cerimonial. Agora vejamos como ela foi ressignificada: Hoje, quando nós pecamos, devemos comparecer diante do santuário de Deus (Hb10:19) em oração, confessar os nosso pecados e pedir perdão apresentando em nosso favor o sacrifício do "Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo." (Jo 1:29). Como neste caso, todas as leis relativas ao santuário, as "quais servem de exemplo e sombra das coisas celestiais"(Hb 8:5) continuam em plena atividade "por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação" (Hb 9:11)
As festas luas novas:
As festas de lua nova fazem parte inteiramente da tradição judaica. Não há uma ordem se quer na lei ou nos profetas para que alguém guarde esta festividade. Ela também não representa nenhum aspecto conhecido do ministério de Cristo.
As festas luas novas:
As festas de lua nova fazem parte inteiramente da tradição judaica. Não há uma ordem se quer na lei ou nos profetas para que alguém guarde esta festividade. Ela também não representa nenhum aspecto conhecido do ministério de Cristo.
Como vimos, para descobrirmos se o sábado semanal foi um mandamento dado apenas com função cerimonial, basta verificarmos se ele está ou não ligado aos ritos e cerimonias do templo. Relativo ao sábado lemos: "Seis dias trabalho se fará, mas o sétimo dia será o sábado do descanso, santa convocação; nenhum trabalho fareis; sábado do Senhor é em todas as vossas habitações. (Lv 23:3). Portanto, o sábado deveria ser guardado independentemente do templo e dos seus ritos. Ele seria guardado onde quer que um fiel servo de Deus estivesse morando.
Ninguém vos julgue:
Depois de verificarmos que o sábado semanal não faz parte das leis e cerimônias relativas ao templo, podemos voltar ao significado do texto de Colossenses 2:16. Relativo a este texto, eu escrevi um outro artigo aqui mesmo neste blog chamado "COLOSSENSES 2:16 - Análise Exegética e Textual". No entanto, eu quero aqui, me aprofundar um pouco mais no ponto central do versículo que é "ninguém vos julgue por causa de". Existem duas posições com as quais eu concordo a respeito do versículo. As interpretações divergem entre si no que diz respeito a quem estaria julgando os colossenses em função da sua alimentação e do sábado.
- Os judeus da diáspora estariam criticando a forma como os colossenses se portavam no sábado. Certamente, para os judeus, a maneira cristã de observar o dia de sábado segundo o modelo de Cristo seria desonrosa ao mandamento visto que o próprio Cristo foi criticado pelas obras de caridade que praticava no sábado.
- Os gentios estariam julgando os novos convertidos a Cristo "por causa" dos novos costumes e comportamentos. Em outra oportunidade, um grupo de gentios acusou o apóstolo Paulo e seus companheiros diante das autoridades dizendo: "estes homens, sendo judeus, perturbaram a nossa cidade, e nos expõem costumes que não nos é lícito receber nem praticar, visto que somos romanos.(Atos16: 20,21)
Seja qual for a interpretação para este texto, o que precisamos realmente pensar é sobre a maneira como tratamos o diferente. Muitos de nós estamos estabelecendo barreiras e muros quando na verdade formos chamados para construir portas e pontes.
Finalizo com o exemplo do apóstolo Paulo:
E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivesse debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei. Para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei. Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns. E eu faço isto por causa do evangelho, para ser também participante dele.
( 1 Co 9: 20-23)
( 1 Co 9: 20-23)
Autor: Marcos André
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